Síndrome Dolorosa Complexa Regional (SDCR): sintomas, diagnóstico e tratamentos - neuromodulação e DRG-S
- André Bissoli
- 16 de jul.
- 3 min de leitura
O que é a síndrome dolorosa complexa regional?
A síndrome dolorosa complexa regional (SDCR), também chamada de distrofia simpático-reflexa, é uma condição rara e muito debilitante, que pode surgir após traumas, fraturas, entorses ou cirurgias — especialmente ortopédicas, como fraturas de punho, tornozelo, cirurgias de joelho ou reconstruções tendinosas. Até mesmo procedimentos menos invasivos, como cirurgias pequenas de mão ou colocação de acessos venosos, podem desencadear a síndrome. Ela se caracteriza por uma dor intensa, persistente e desproporcional ao evento inicial, frequentemente afetando braços, mãos, pernas ou pés.
Quais são os sintomas e sinais clínicos da SDCR?
Os principais sintomas incluem dor em queimação ou em pontadas, hipersensibilidade ao toque ou ao frio, inchaço, alterações de temperatura e de coloração da pele. A pele pode se tornar mais brilhante ou fina, e é comum observar alterações no crescimento dos pelos e nas unhas. Com o tempo, podem surgir rigidez articular, perda de força muscular e limitação importante dos movimentos, tornando as atividades do dia a dia muito difíceis. A falta de uso do membro afetado pode provocar até mesmo osteoporose e deformidades da extremidade.
Como é feito o diagnóstico da SDCR?
O diagnóstico da SDCR é principalmente clínico, baseado na avaliação cuidadosa do histórico do paciente e no exame físico. Os critérios de Budapeste são amplamente utilizados, considerando a presença de dor contínua e desproporcional ao trauma inicial, associada a alterações sensoriais, sudomotoras (como sudorese excessiva), motoras e tróficas (mudanças em pele, pelos e unhas). Exames de imagem, como a ressonância magnética ou a cintilografia óssea, podem ajudar a confirmar alterações compatíveis ou excluir outras doenças.
Opções de tratamento para a síndrome dolorosa complexa regional (SDCR)
O tratamento deve começar o quanto antes, pois quanto mais precoce for a abordagem, maiores as chances de sucesso. As medidas iniciais incluem fisioterapia para preservar a mobilidade, uso de analgésicos, anti-inflamatórios, anticonvulsivantes e antidepressivos para controle da dor neuropática. O objetivo principal é aliviar a dor e manter a função do membro afetado.
Neuromodulação e destaque para o estimulador de gânglio dorsal (DRG-S)
Quando os tratamentos convencionais não são suficientes, estratégias avançadas, como a neuromodulação, podem ser consideradas. A estimulação medular, que utiliza um dispositivo implantado para enviar pequenos impulsos elétricos à medula espinhal, já é bem conhecida no controle da dor crônica. No entanto, a estimulação do gânglio da raiz dorsal (DRG-S) tem ganhado destaque especial. O DRG funciona como um “portal” para as informações de dor que chegam ao sistema nervoso central, e a estimulação direcionada a essa estrutura permite um controle mais preciso da dor, principalmente em casos localizados nos pés, tornozelos ou joelhos. A SDCR é a principal indicação desse tipo de estimulação atualmente. Muitos pacientes relatam melhor alívio e maior capacidade de retomar atividades diárias com essa técnica, com ganho de qualidade de vida.
A importância do cuidado multidisciplinar
Além das intervenções médicas, o acompanhamento multidisciplinar é fundamental. A colaboração entre médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e psicólogos é essencial para auxiliar na recuperação física e emocional. O suporte psicológico ajuda a lidar com o impacto da dor crônica na qualidade de vida, enquanto a reabilitação física evita a perda funcional e favorece a reintegração às atividades cotidianas.
Se você ou alguém próximo apresenta dor persistente e intensa após uma cirurgia ou trauma, procure avaliação com um especialista o quanto antes. O diagnóstico precoce e o tratamento individualizado podem transformar a evolução da síndrome dolorosa complexa regional, oferecendo mais autonomia e qualidade de vida.
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